A TURMA DA RAPADURA – CACHOEIRA DE MINAS MG – PARTE 3

20 de julho de 2022 0 Por Canal do Youtube (Parceiro)



O milho madurou na roça do seu Né e o sogro, Seu Geraldo, ofereceu os carros e os bois para o transporte até o paiol. Para carrear os 4 carros foram convidados dois vizinhos vizinhos e o Fernando que é diarista no Seu Geraldo.
Só que para o Seu Geraldo, bagunça pouca é bobagem. Assim, ele combinou com o vizinho Carlinhos uma tachada de rapadura e um almoço especial no mesmo dia. Ele ainda queria que os carros passagem em frente da capela do bairro, com benção do padre que acabou não aparecendo. Ficamos sem a benção, para alívio do Seu Zé que tinha hora pra voltar pra casa.
A carreata saiu atrasada, pois o cano da água estourou e pra fazer rapadura é preciso muita água. Toca arrumar o cano que desemendou lá pra cima no morro.
Como tudo atrasou, Dona Irinéia preparou sanduíches de pão com mortadela. Foi a salvação dos magros e dos esfomeados. Eram mais de 10 horas e finalmente saiu a carreata, não pelo caminho óbvio e mais curto mas sim pelo caminho mais longo que passava em frente à capela. Tudo porque o dono dos bois fez questão de passar em frente à capela do bairro.
Uma hora depois e chegaram ao topo do morro onde o milho já estava quebrado e embandeirado. Encheu-se os carros rapidamente e a chuva fina começou a cair.
__ Seu Geraldo, e agora? Tem que cobrir o milho?
__Tem não,Seu Chico, a palha segura a água. Amanhã estia e tudo fica sequinho de novo.
Lá se foram os carros cheios de espigas morro abaixo, as barrigas roncando de fome.
Ainda bem que no meio do caminho tinha um frango caipira e uma costela com mandioca mais a salada de azedinha de Dona Irinéia.
Bucho cheio faltava descarregar o milho no paiol e a chuva só fazia aumentar. Ninguém usava capa de chuva, parecia até que ela não existia. Eu é que estava preocupado com a câmera, sem saber o quanto ela aguentaria de água. Não pifou, consegui fazer todas as imagens. Obrigado Canon, por um equipamento que resistiu bravamente à chuva que só foi parar depois que eles descarregaram o milho.
A vida na roça não é fácil, mas não vi em nenhum momento o pessoal reclamar. Pelo contrário, as piadas e o bom humor é que deram o tom.
Foi um dia cheio, não paramos em nenhum momento, só sentamos para almoçar mas o cansaço foi daqueles que a gente agradece pois dá a medida da nossa capacidade de nos superarmos. Ou pelo menos para mim foi assim, pois para o povo da roça esse foi mais um dia de trabalho.
Detalhe, seu Geraldo tem 84 anos e Seu Zé está beirando os 80. O resto era tudo jovem entre 50 e 60.

Trilha Sonora do Dener Dias
Conheça o canal dele no YouTube
https://www.youtube.com/user/diasdener