MATANÇA E TRATO DA CARNE DO PORCO NA ROÇA

20 de julho de 2022 0 Por Canal do Youtube (Parceiro)



ATENÇÃO, SE VOCÊ NÃO QUER VER IMAGENS FORTES DE ANIMAL EM SOFRIMENTO E SANGUE, NÃO ASSISTA A ESTE VÍDEO!

Este vídeo é parte integrante de meu canal de FOLCLORE e CULTURA POPULAR, na linha de pesquisa e registro de nossas tradições.
Para mais vídeos sobre a vida na roça e saberes e fazeres populares, visite minha playlist de FOLCLORE:

A intenção deste registro é mostrar valores de nossa cultura que estão correndo o risco de desaparecer e jamais promover o sensacionalismo e violência.
Sinto muito se feri susceptibilidades com o registro do que para mim são imagens corriqueiras que presencio desde minha infância no meio rural, assistindo a morte de frangos e porcos.

Eis aqui relatado, abaixo, como foi que nasceu este vídeo.

Seu Benedito da Rosa Barros, o Barrinha, nos convidou para uma festa da família no seu sítio em São Bento do Sapucaí, em homenagem à sua mãe, dona Carmelina.
O ponto alto da parte gastronômica foi a leitoa assada na brasa, que foi sacrificada dois dias antes, pra dar tempo de limpar e pegar bem o tempero.
Apesar de muitas concessões à modernidade, tais como o maçarico e o filme de poliéster, o jeito de matar e a utilização das tripas para confecção de linguiça, chouriço ou mesmo pura, ainda guarda muito da tradição caipira dos nossos avós.
Barrinha ia limpando o porco e nos contando do folclore em torno da morte do animal. Eu sempre soube que se alguém estivesse com dó do porco ele demorava a morrer, mas ele garantiu que se a faca pega no coração é morte instantânea e isso depende da habilidade do matador.
Falou da unha do porco, que arrancada com calor do fogo, pode ser usada como remédio para quem tem unhas fracas, simplesmente esfregando a unha arrancada do porco em volta da unha doente.
Contou do sabão que antigamente era feito com banha de porco pelas mulheres, um processo que durava até três dias. Homem não podia nem chegar perto senão desandava o ponto!
Falou da banha derretida que era guardada em latas, onde armazenavam a carne de porco frita, que nessas condições durava mais de ano, fazendo as vezes do freezer e da geladeira de hoje.
Seu Barrinha sabe muita coisa e gosta de contar o que sabe. E ele sabe também que se não contar, se não deixar um registro dessas maravilhas, elas vão se perder, ficar esquecidas para sempre na poeira do tempo.
Ainda quero fazer muitos vídeos com este homem que sabe o valor que tem e a importância de passar seu saber para as futuras gerações.
Em tempo, eu que não sou muito fã de carne e já tinha almoçado, experimentei o porco assado na brasa e sem sombra de dúvida posso afirmar: foi a melhor carne que comi na vida!