ALEXANDRINA E CHICO ABELHA PERDIDOS NA FEIRA DE CONCEIÇÃO DO COITÉ – BAHIA

20 de julho de 2022 0 Por Canal do Youtube (Parceiro)



Desde pequeno sou apaixonado pelas feiras livres. Acompanhava minha mãe puxando o carrinho que ela enchia de compras. Eu ganhava uns cobres por ajuda-la. Era um trocadinho que eu somava com as mesadas e gastava tudo em figurinhas de colecionar que eram coladas num álbum que nunca ficava completo.

Mas eu não ia pelo dinheiro. Gostava dos doces oferecidos de amostra pelos feirantes, pra ganhar o freguês. A geléia colorida, o doce de leite, as balas e biscoitos…

Lembro do queijo minas enrolado em folha de bananeira, as azeitonas em tonéis de madeira, os frangos vivos, os pintinhos, peixes em sacos plásticos…

A feira era em frente de casa, começavam a armar de madrugada, um barulho de madeiras se entrechocando e uma zoada de vozes nordestinas, italianas, portuguesas e espanholas. Acho que aprendi línguas e sotaques de tanto conviver com os estrangeiros de São Paulo.

Estar na feira é estar em casa. É onde a vida acontece. Em São Paulo as feiras já não são livres, estão cada dia mais padronizadas, mas no nordeste, graças a Deus ainda são caóticas, cheirosas e barulhentas.
Encontra-se de tudo, de tatus e cobras a DVDs piratas.

Não achamos o que procurávamos em Coité, mas eu me encontrei comigo, com minha criança que não cansa de sonhar com um mundo mais parecido com a alegria de uma feira livre no nordeste.