FILHOTES DE F1 REPRODUÇÃO CANARIO COM TARIM VENEZUELANO
31 de março de 2022No final do século passado já era comum na Europa cruzamentos entre animais, mas precisamente com o canário doméstico. Desta época tem-se notícia que no Brasil já produziram o pintagol (pintassilgo x canária), fato relatado pelo zoólogo Emílio GOELDI, em 1894. Portanto esta prática de hibridar o canário tem de sobra um século.
Em princípio dois motivos levam os criadores a hibridar seus canários, em primeiro lugar a curiosidade inerente do ser humano em saber o que vai resultar um cruzamento. Outros mais conscientes, buscam através da hibridação a procura de cores novas ou de outros fatores que possam dar mais vitalidade ou longevidade aos canários domésticos em geral.
No momento, estando quase solucionado o canário vermelho, se busca o canário negro. Aliás no início do século se tentou o canário negro cruzando o tiziu com a canária.
II – Metodologia
Inicialmente consultou-se o trabalho de GRAY (1958), que contém 55 hibridações do canário doméstico. Pesquisou-se ainda nas seguintes obras: GILL (1962), GICQUELAIS (1966), RADTKE (1972), GRZIMEK (1980), ELLIS (1984) e BIELFELD (1988). A partir dos dados obtidos nestes trabalhos e atualizada a situação sistemática e taxonômica das espécies envolvidas, elaborou-se a tabela anexa, onde de forma sintética procurou-se demonstrar a problemática dos cruzamentos.
III – Resultados
A tabela única mostra que foram realizados pelo menos 61 cruzamentos, envolvendo 8 famílias de aves. Contudo o mais interessante são os cruzamentos com as espécies da subfamília Carduelinae, à qual pertence o canário doméstico. O cruzamento do canário doméstico com o canário silvestre não é uma hibridação, pois são da mesma espécie, neste caso tecnicamente temos bastardos e não híbridos. Dos gêneros desta subfamília, em especial Serinus e Carduelis, dão híbridos com descendência fértil. A principal espécie é o Tarin da Venezuela (Carduelis cucullatus) que deu origem aos canários com pigmentos vermelhos.
O advento do canário vermelho por sua vez reforçou a muito a prática de cruzamento ente espécie, pois antigamente, formas silvestres com plumagem vermelha produziram híbridos sem esta cor. Usando-se canários vermelhos nestes cruzamentos passou-se a ter híbridos mais bonitos com uma vistosa cor avermelhada.
Com relação aos híbridos de aves brasileiras: tiziu, canário-da-terra, pintassilgos, cravina e Garibaldi, veja SICK (1988). O autor afirma que uma fêmea híbrida de Garibaldi (icterídeo) com canária foi fecunda em retrocruzamento com canário.
No decorrer do levantamento bibliográfico, encontrou-se algo que deve interessar aos aficcionados da hibridação, no Uruguai foram introduzidos, j’s há algum tempo o pintassilgo-português (C. carduelis) e o verdilhão (C. chloris).
Sendo nativo neste país a subespécie de pintassilgo (Carduelis m. mangellanica), que parece ser de maior porte que o nosso.